Beekeeper – Rede de Vingança

A fórmula em si é antiga: um ex-militar com habilidades quase sobre-humanas, forçado a sair da aposentadoria e do seu cotidiano mundano para se vingar de alguma injustiça cometida contra inocentes. Dito isso, “Beekeeper – Rede de Vingança” ainda consegue entregar um filme de ação divertido, frenético e bem executado.

Em “Beekeeper – Rede de Vingança”, Jason Statham interpreta novamente o papel de Jason Statham, mas dessa vez como Adam Clay, um apicultor aposentado que explora esse hobby no celeiro de sua vizinha, Mrs. Parker (Phylicia Rashad) — a única pessoa que já cuidou dele um dia.

A aventura começa quando a senhora Parker é vítima de um golpe cibernético que resulta no roubo de todas as suas economias, bem como da sua caridade e das doações recebidas da comunidade que ama. Incapaz de viver com a vergonha de decepcionar tantas pessoas, ela comete suicídio, e em seguida, seu corpo é encontrado por Adam Clay. A partir desse momento, as cenas tranquilas quase em formato de ASMR de Jason Statham fazendo mel são substituídas por 1h40 de ação e violência ininterrupta.

O que se sucede é uma busca implacável pelos responsáveis por tal golpe, seus superiores e os superiores de seus superiores. A figura vilanesca central do filme é Derek (Josh Hutcherson), um aparente herdeiro boêmio que vive de drogas, sexo, herança e dar golpes em idosos. Seu trabalho consiste em fazer pedicure, receber massagens, andar de skate e falar ao telefone de forma ameaçadora, enquanto é protegido pelo ex-diretor da CIA, Wallace Westwyld (Jeremy Irons).

“Beekeeper” rapidamente se torna uma mistura de “Lobo de Wall Street”, “O Protetor” e “John Wick”, oferecendo uma narrativa objetiva e repetida, que, mesmo não sendo original, possui um charme distintivo. Momentos clichês, como uma figura paterna explicando para um jovem mimado que a pessoa que ele irritou é uma máquina impárvél de destruição e morte, estão aqui — e honestamente, não cansam de me divertir — bem como diversos outros.

Se “Beekeeper” peca na originalidade, ele entrega em cenas de ação violentas, explosivas e bem coreografadas. Atreladas à atuação estóica e à presença imponente e de poucas palavras de Jason Statham, o filme não deixa de entreter. Como tradição dos filmes de ação do gênero “ex-aposentado destrói tudo”, existem várias frases de efeito horrendas, mas algumas são verdadeiramente legais.

O filme dirigido por David Ayer tem traços distintivos do diretor — ao ver a cena do posto de gasolina, você vai ver a assinatura dele — como o realismo e paletas de cores acinzentadas contrapostos com exageros propositais, flashes de luz intensos e personagens exóticos. Ainda que apresente alguns problemas de continuidade e certas escolhas criativas pareçam fora de lugar, a direção do filme é competente. Com um roteiro intrigante e interessante o suficiente para adicionar o mínimo de surpresas e originalidade, “Beekeeper” encontra sua distinção através da investigação central que, embora familiar, é distintiva.

Os destaques ficam nas mãos de Josh Hutcherson, que entrega um vilão detestável e ainda assim realista, numa atuação extremamente convincente sobre privilégio e desconexão da realidade, juntamente com Jason Statham e a equipe de coreografia de lutas.

É impossível que os fãs de filmes de ação não gostem desse filme, já que ele é uma injeção de adrenalina e diversão. “Beekeeper – Rede de Vingança” não chega a níveis extraordinários, entrega uma experiência envolvente e mais que satisfatória em termos de ação. Um entretenimento mais que honesto para convidar o pai e/ou os amigos para assistir.

Fernando Almeida

Beekeeper
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