Não é novidade pra ninguém que a regra da A24 é sempre nos entregar obras diferentes do cotidiano, o que acarreta em vários clássicos inesquecíveis que destacam no vasto mar de franquias sequencias e live-actions sem inspiração que recebemos hoje em dia. E com Love Lies Bleeding (O Amor Sangra) estrelando Kristen Stewart (Crepúsculo) e Katy O’Brien (The Mandalorian) claro que não poderia ser diferente.

O filme conta a história de Lou e Jackie, uma delas é uma gerente franzina de uma academia e a outra uma fisiculturista esbelta que frequenta essa mesma academia. Um belo dia os olhares desses dois seres opostos se encontram e surge um inesperado romance. E isso em si já seria pauta para um ótimo longa de romance, mas a direção de Rose Glass já deixa claro desde o primeiro segundo do filme que a trama será muito mais… Sangrenta.

Apesar do enredo ser carregado nas costas pela protagonista de Kristen Stewart, que mais uma vez nos mostra o quanto pode ser versátil em suas atuações, o filme ainda conta com Ed Harris (Westworld) James Franco (Truque de Mestre) e Jena Malone (Jogos Vorazes), todos os personagens emaranhados num drama familiar muito violento e como num efeito dominó o filme vai desenrolando as ações dos personagens nos levando rapidamente a uma catarse emocional e um plot twist extremamente bem construído. Alegrando boa parte do público cinéfilo e LGBTQIAPN+ que há muito tempo anseia por histórias diferentes envolvendo a comunidade. Como o famoso meme diz ‘’finalmente histórias de gays trambiqueiras’’.

E como se a trama de suspense já não fosse o suficiente pra nos prender, o filme ainda conta com uma ambientação brilhante, nos transportando pra os anos 80 quentes e amarelados. Rose dá atenção a cada plano e a cada detalhe, seja pra nos horrorizar ou nos deslumbrar, em apenas 1h44 de filme muitas narrativas são contadas apenas por nuances, olhares ou pequenas ações, e ao não subestimar a inteligência da audiência essa diretora consegue contar histórias de uma vida toda sem a necessidade de exposição desnecessária, tudo que é preciso para seguirmos com a história está ali.

E como é de regra em produções da A24, o surrealismo volta e meia toma da conta da tela pra acrescentar a essa narrativa, com um foreshadowing com As Viagens de Gulliver (1939) muito bem colocado, o que pode desagradar alguns espectadores mas eu pessoalmente achei genial.

Love Lies Bleeding chega aos cinemas no dia 1º de Maio.